A fotoaférese extracorpórea consiste em um procedimento de leucoaférese no qual os linfócitos são separados e segregados do sangue total. A seguir esses linfócitos são submetidos a um tratamento com irradiação ultravioleta (UVA) na presença de um medicamento fotosensibilizante chamando 8-methoxypsoraleno.1
O tratamento de fototerapia é realizado dentro do equipamento e ao final de cada ciclo esses linfócitos são reinfundidos no paciente. O procedimento é muito bem tolerado e possui baixo índice de reação adversa. Isso pode ser explicado pelo fato de os ciclos serem divididos em duas sessões, o que diminui a mobilização de grande volemia do paciente em um único momento, além do mais, a quantidade de psoraleno e anticoagulante remanescente, que normalmente é uma solução de heparina, no paciente é muito baixa.1
O mecanismo de ação completo do procedimento ainda não é totalmente compreendido, mas sabe-se que ação da UVA com o fotossensibilizante promove a indução de apoptose dos linfócitos doentes, em especial os T e NK, modulação das células dendríticas e alteração do perfil de interleucinas que auxiliam na imunomodulação entre os ciclos de tratamento.1,3
As indicações mais clássicas e com melhores evidências científicas são os linfomas cutâneos, especialmente a forma eritrodermica da Micose Fungóide e a Síndrome de Sézary (categoria I grau 1B-ASFA 2023).2 A doença do enxerto versus hospedeiro (DECH) aguda e crônica em pacientes submetidos a transplante alogênico de medula óssea, que não responderam à imunossupressão, especialmente quando há acometimento cutâneo e pulmonar também possuem resultados promissores4 (categoria II grau 1B-ASFA 2023).2 Outras indicações incomuns, devido a raridade dos casos, são a esclerodermia,1 rejeição em transplante de pulmão3(categoria II grau 1C-ASFA 2023)2 e coração (categoria II grau 1B-ASFA 2023)2.
No geral, os linfomas necessitam de um ciclo (com duas sessões cada) a cada quinze dias, por 3 a 6 meses.1 Após a remissão os procedimentos vão sendo esparsados até a suspensão sem recaída da doença.2 Já nas intercorrências dos transplantes, em especial da forma aguda, o ciclo deve ser semanal por pelo menos 8 semanas.1
Idealmente, o procedimento de fotoaférese deve ser iniciado o mais cedo possível após a confirmação da indicação,3 mas, infelizmente, devido à falta de regulamentação do financiamento do procedimento no Brasil, em 99% dos casos a realização do tratamento ocorre por via judicial, o que acarreta atraso do início do procedimento, tanto os pacientes da saúde suplementar quando do Sistema Único de Saúde.
Na Clínica Aima, localizada na região metropolitana
Bibliografia consultada.
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- Connelly-Smith L, Alquist CR, Aqui NA et al. Guidelines on the Use of Therapeutic Apheresis in Clinical Practice – Evidence-Based Approach from the Writing Committee of the American Society for Apheresis: The Ninth Special Issue. J Clin Apher. 2023 Apr;38(2):77-278. doi: 10.1002/jca.22043. PMID: 37017433.
- Knobler R, Arenberger P, Arun A, et al. European dermatology forum: Updated guidelines on the use of extracorporeal photopheresis 2020 – Part 2. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2021 Jan;35(1):27-49. doi: 10.1111/jdv.16889. Epub 2020 Sep 22. PMID: 32964529; PMCID: PMC7821314.
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