SET 29, 2023
Quando falamos em tipo sanguíneo logo pensamos em ABO e RhD. E isso é natural, pois apesar do sistema ABO ter sido descoberto em 1900, até os dias de hoje ainda é o sistema mais importante. Além disso, nas situações onde a determinação do grupo sanguíneo é essencial e obrigatória, como nos exames imuno-hematológicos de doadores de sangue, nos testes pré-tranfusionais, em alguns transplantes e nas rotinas envolvendo gestantes e seus recém-nascidos esses dois sistemas de grupo sanguíneo são rotineiramente determinados. Durante esses mais de 120 anos outros sistemas e antígenos de grupo sanguíneo foram sendo descobertos e hoje temos 45 sistemas de grupos sanguíneos e mais de 350 antígenos.
Quando nos referimos ao “grupo sanguíneo” de um indivíduo geralmente estamos nos referindo à combinação de antígenos presentes nas hemácias deste indivíduo. Os antígenos são locais específicos em diferentes proteínas, glicoproteínas ou glicolipídios presentes na membrana das hemácias e com as quais os anticorpos que ocorrem naturalmente ou são formados como resultado da imunização ativa após exposição às hemácias de outro indivíduo interagem. É a presença ou ausência desses antígenos na superfície das hemácias conforme sua herança genética que define o grupo sanguíneo de um indivíduo.
Os antígenos fazem parte dos sistemas de grupos sanguíneos que são compostos por um ou mais antígenos governados por um gene ou complexo de dois ou mais genes homólogos intimamente ligados. Todos os sistemas são geneticamente distintos. Para que um sistema de grupo sanguíneo e seus antígenos sejam reconhecidos, a variação genética subjacente deve ser identificada, sequenciada e confirmada para afetar o fenótipo.
Também existem 3 categorias para antígenos que ainda não foram associados a sistemas de grupos sanguíneos. As coleções (série 200) que agrupam antígenos bioquimicamente, geneticamente ou sorologicamente semelhantes, mas que a base genética ainda não foi descoberta. A série 700 que contém antígenos com uma incidência menor que 1% em todas as populações e que não se classifica em nenhum sistema ou coleção e a série 901 com antígenos com incidência maior que 99% da população e que não se classifica em nenhum sistema ou coleção.
Com a globalização, a miscigenação das populações e evolução da medicina transfusional com o aumento do número de transfusões, os pacientes passaram a ser cada vez mais expostos a diferentes antígenos de grupos sanguíneos e passaram a desenvolver anticorpos que permitiram a identificação de um grande número de antígenos de grupos sanguíneos. Além disso, a possibilidade de sequenciar o DNA tornou a tarefa de definir um novo antígeno ou classifica-lo em um sistema existente mais fácil e menos demorada. Entre a descoberta do sistema ABO e o sistema Rh se passaram quase 40 anos, entretanto atualmente, em um curto espaço de tempo, vários grupos sanguíneos foram descobertos. O sistema mais recente é o de número 45 que se chama CD36 e que possui apenas um antígeno, o CD36.1.
A instituição responsável por classificar os sistemas de grupos sanguíneos e seus respectivos antígenos é a Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (International Society of Blood Transfusion – ISBT). Esta instituição é responsável pela padronização e organização desses sistemas e antígenos e utiliza uma nomenclatura numérica que é complementar a nomenclatura histórica que é utilizada até os dias atuais.
Para se manter atualizado quanto aos sistemas e antígenos de grupo sanguíneo acesse: https://www.isbtweb.org/isbt-working-parties/rcibgt.html
Esperamos que tenha gostado.
Até a próxima!
Referências Bibliográficas:
CASTILHO,L ; JUNIOR,JP; REID, ME. Fundamentos de Imuno-hematologia. São Paulo: Editora Atheneu,2015.
INTERNATIONAL SOCIETY OF BLOOD TRANSFUSION, 2023. Disponível em: https://www.isbtweb.org/