Atualizado 01/11/2021
A transfusão de plasma de pessoas que se curaram de uma infecção, plasma de convalescente, não é algo novo na medicina e já foi usada com sucesso para tratar outras epidemias, como a gripe espanhola e a pandemia de 1918–1920. Esse foi o primeiro registro de infecção viral tratada com esse tipo de plasma hiperimune, considerado eficaz na época. Várias outras doenças infecciosas emergentes, como o vírus do Nilo Ocidental, MERS-CoV, SARS-CoV-1 e H1N1, também foram tratadas com plasma de pacientes convalescentes. Embora tenha uma longa história e eficácia-segurança clínica, esse tratamento não foi estudado de forma robusta, e as conclusões atuais ainda são fracas, provavelmente porque o plasma de convalescente foi usado em situações críticas, durante surtos epidêmicos, exigindo ações imediatas. Ainda há muitas perguntas ficaram sem respostas.
No início da pandemia acreditava-se que o uso de plasma de convalescente dos pacientes que tiveram COVID e se recuperaram poderia ser útil no tratamento da infecção de paciente graves, sendo liberado pelo Ministério da Saúde o uso de forma compassiva. Após vários trabalhos publicados utilizando essa terapia, o benefício foi comprovado apenas quando utilizado em pacientes de risco para adquirir a forma grave da doença (imunossuprimido, idosos, e portadores de comorbidades), usado precocemente e com altos títulos de anticorpos neutralizante. Sendo desaconselhavel o uso de plasma de convalescente em pacientes com quadro grave pulmonar e após o 7 dia.
No Brasil, a recomendação é que o plasma de convalescente de COVID seja utilizado apenas em protocolos clínicos e se o uso experimental do plasma convalescente, sob responsabilidade médica, deve seguir os requisitos de Boas Práticas de Serviços de Saúde e de Segurança do Paciente, sendo os resultados devidamente documentados para que possam ser usados em futuros estudos científicos.
Até breve,
Equipe erytro
Bibliografia consultada:
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De Santis, G. C., Mendrone, A., Langhi, D., Covas, D. T., Fabron, A., Cortez, A. J. P., … Rugani, M. A. (2021). Suggested guidelines for convalescent plasma therapy for the treatment of COVID-19. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, 43(2), 212–213. doi:10.1016/j.htct.2021.03.00
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NOTA TÉCNICA Nº 5/2020-CGSH/DAET/SAES/MS 1. ASSUNTO Atualização dos critérios técnicos para triagem clínica de dengue (DENV), chikungunya (CHIKV), zika (ZIKV) e coronavírus (SARS, MERS, 2019-nCoV) nos candidatos à doação de sangue.
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NOTA TÉCNICA Nº 13/2020CGSH/DAET/SAES/MS. Atualização dos critérios técnicos contidos na NOTA TÉCNICA Nº 5/2020CGSH/DAET/SAES/MS para triagem clínica dos candidatos à doação de sangue relacionados ao risco de infecção pelo SARSCoV2.
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NOTA TÉCNICA Nº 12/2021/SEI/GSTCO/DIRE1/ANVISA Orientação sobre inaptidão temporária para doação de sangue de candidatos que foram submetidos a vacinação contra a Covid-19 e outras recomendações.
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NOTA TÉCNICA Nº 10/2020/SEI/GHBIO/GGMON/DIRE5/ANVISA Aspectos de hemovigilância relacionados ao uso de plasma convalescente para tratamento da COVID-19.
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NOTA TÉCNICA Nº 33/2021/SEI/GSTCO/DIRE1/ANVISA. Atualização das recomendações sobre o uso de plasma de doador convalescente para o tratamento da Covid-19 e a doação deste po de plasma por indivíduos vacinados contra a Covid-19